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Thursday, January 10, 2008

Planeta dos Macacos

Sabe aquele filme antigo que você jura que vai ver milhares de vezes e nunca tem tempo de fazer isso ? Muito por serem 5 filmes e não um o Planeta dos Macacos estava no topo da milha lista de filmes não vistos que eu deveria ter visto.

Os filmes são do final da década de 60, início da década de 70. Eu não vou contar sobre o filme em si. Para isso existe a internet, né ? Vai a lista, em ordem, com links para suas respectivas páginas na wikipédia em português.
Eu recomendo que leiam pelo menos a página referente ao primeiro filme. Primeiro para verificar as diferenças, que não são poucas, entre o filme e o livro de Pierre Boulle no qual a obra foi baseada. As diferenças estão baseadas em questões culturais da época (não dava para deixar os humanos nus no filme, pelo menos não nesse tipo de filme), por limitações orçamentárias, e porque não dizer, de efeitos especiais. Esses três motivos são plenamente justificáveis. Há mais duas diferenças, uma que está diretamente relacionada com a antológica cena final do primeiro filme. Que é realmente fantástica. Eu posso imaginar a reação das pessoas ao ver tal cena no cinema pela primeira vez. O filme seria metade do que é sem ela. E sem ela os outros filmes não teriam existido...

Entenda, o primeiro filme foi exibido em 1968. O segundo somente em 70. Talvez ele nem tivesse sido feito se o primeiro filme não tivesse repercutido da forma que repercutiu. E o que o primeiro filme tinha que fez ele repercutir tanto até os dias de hoje ? Sua cena final. Mas seria impossível existir a cena final se o filme não fosse diferente do livro. Essa é a questão mais interessante. Trata-se de uma das poucas modificações feitas para cinema que obteve melhor sucesso de crítica do que o seu original, no livro.

Termina o primeiro filme e você vai ver o segundo, o segundo termina, e você fica com a sensação de que não devia ter visto esse filme. Mas tudo bem, tem o terceiro. O terceiro tem algumas cenas interessantes, mas é previsível demais. Seu maior mérito é explicar (ou melhor, tentar explicar) a viagem no tempo.

Aqui eu abro um parênteses para falar da viagens no tempo.

Alguém já leu "A Máquina do Tempo" de H. G. Wells ? Ou pelo menos já viu um dos dois filmes de mesmo nome (um desses filmes é de 1960) ? A Máquina do Tempo de H. G. Wells é tido como a primeira obra de ficção a abordar a viagem no tempo. Acompanhe o conceito nesse exemplo: Imagina que alguém quebra um vaso na sua casa. Aí você viaja no tempo para impedir que isso aconteça, impede. Se o vaso não quebrou, você não precisou de viajar no tempo, se não viajou no tempo como você poderia impedir o vaso de quebrar ? Resposta, não podia, então o vaso quebrou de qualquer jeito. Paradoxo da viagem no tempo é que você não pode alterar o passado que você conhece, apenas fazer parte dele.

A segunda linha de raciocínio é mais popular por causa da triologia "De Volta para o Futuro". O tempo é formado por diversas linhas, ao viajar no tempo para o passado e alterar alguma coisa, ao viajar de volta para o futuro você entra em outra linha de tempo, ou seja, você viaja para o seu passado, mas por ter alterado ele só pode voltar para um outro futuro, não para o seu próprio (de onde você partiu).

Voltando ao Planeta dos Macacos, você precisa ir até o final do quinto filme para realmente entender que tipo de teoria é utilizada no filme. Lembre-se apenas H. G. Wells era conhecido até então. Desde do primeiro momento eles dão a entender que é um tipo de teoria similar a da triologia "De Volta para o Futuro" (lembrando que essa triologia é bem mais nova que o Planeta dos Macacos, estou usando ela apenas por ter certeza de que todo mundo lembra, mas eu não ficaria impressionado se alguém me disser que a teoria foi criada aqui e copiada em "De Volta para o Futuro"). Mas você vê o terceiro e o quarto filme e não consegue dizer se eles estão realmente de acordo com essa tal teoria de múltiplas linhas temporais. Apenas no quinto filme você consegue entender o que aconteceu.

Aliás, isso diz algo muito importante, se você decidiu ver o terceiro filme, você será obrigado a ver o quarto e o quinto. Sem alternativas para quem quiser entender o que está acontecendo. Algumas perguntas ficam realmente no ar, tipo: se todo mundo sabia que mais cedo ou mais tarde os macacos dominariam o mundo, porque adotaram eles como animais de estimação ? Excesso de confiança ? Para mim é excesso de idiotice, mas tudo bem. Eu aceito. E como foi que todos os macacos aprenderam a falar tão rápido ? Melhor ainda, como aquele velho sábio do quinto filme pode dizer que quando criança o outro velho sábio foi seu professor ? A escala temporal do quarto para o quinto filme é muito, mas muito mal resolvida. Tire como parâmetro a idade dos humanos que fizeram parte do quarto filme e estão no quinto. Em um bom português é impossível que um sociedade saia da idade da pedra a teorias da relatividades em mais ou menos 15 anos.

Dos três filmes, dois diálogos/discursos são realmente impactantes. O primeiro está no final do quarto filme. "Na noite de fogueira" o discurso (quase diálogo) de César é realmente impressionante. A segunda fala eu vejo de forma ainda mais impressionante. Está no final do quinto filme (ainda antes de se esclarecer tudo). É uma fala, uma frase, dita pelo personagem humano principal enquanto ele ainda está preso. Colocada aqui não diria muita coisa, mas se vir o filme um dia, não deixe de perceber bem esse momento. Ele diz tudo.

Do modo geral minha avaliação é positiva, mas o excesso de filmes se destaca logo no começo. Não precisava de 5 filmes para contar a história. Certo que eram outros tempos e filmes de 3 horas não eram comuns. Hoje eu condensaria a história toda em 2 ou 3 filmes facilmente. De qualquer forma, em qualquer filme, vale apena observar a forte crítica feita aos humanos o tempo todo. E o tempo todo eles estão certos. Claro que generalizar o indivíduo não é correto, mas como um estudo de sociedades é impecável. A simples leitura das conclusões da comissão do terceiro filme diz tudo. Também é bom lembrar que a época era o auge da Guerra Fria, mas francamente não vejo muitas mudanças de lá pra cá (pelo menos não quando pensando no filme).

E quanto a refilmagem ? Em uma palavra: esqueça. Para quem só quer ver efeitos especiais impressionantes (exemplo, macacos que são "macacos" e não homens fantasiados de macacos) o filme de 2001 é isso, novos efeitos especiais. A história também foi modificada, mas modificaram também o melhor do primeiro filme (a cena final) e não deu certo. E francamente, os diálogos foram muito mais densos/ricos/fortes/melhores na primeira versão. O filme de 2001 é só visual e a julgar pela ausência de continuidade até hoje, posso pensar que não haverá seqüências.

1 comment:

  1. Anonymous8/12/08 23:21

    mitre vc está certo ,me apaixonei pelo filme logo na primeira vez q o ví no cinema "bons tempos"vc esqueceu da NOVA, e outra, a trilha sonora de jerry goldsmith ganhou um OSCAR e concordo ,ví o filme de 2001 na tv ,fui obrigado,...e é certo ,quem vio o chalton reston e gostou ñ deve ver o de 2001, obrigado , e ñ nos esquecamos do CRIADOR do mundo, o de verdade

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