Pages

Tuesday, August 07, 2007

A Liberdade e a Responsabilidade de Imprensa

A primeira regra da imprensa diz que toda liberdade deve ser preservada. Subentende-se, entretanto, que tal liberdade só está assegurada quando ponderada pela responsabilidade. Há, portanto, um desequilíbrio, pois toda liberdade está assegurada, ponderada pela responsabilidade definida por cada um, ou seja, a liberdade é universal, mas a responsabilidade é pessoal. Se todas as pessoas fossem perfeitas essa relação também seria, mas a vida não é assim...

O parágrafo acima só serve mesmo para ilustrar uma realidade no mundo da fantasia. Por que nem de perto os jornalistas são tão livres, como também a responsabilidade não está nas mãos de um só. Mas o problema é justamente essas duas questões. Os jornalistas são obrigados a cumprir pautas. Devem obedecer a alguém. Devem produzir matérias que vendam jornais ou tempos de propaganda. Há muito dinheiro envolvido e tudo fica muito mais turvo, porque é preciso ter qualidade e manter o funcionamento do jornal ao mesmo tempo.

A boa imprensa mostra a verdade como ela é, e em todos os lados da questão. Não julga enquanto faz isso. Depois, e ela pode*, sim, apresentar a sua opinião própria deixando claro que se trata de opinião, seja ela qual for (*o "pode" é o que define a imprensa de esquerda, direita ou chapa branca, em alguns países isso é crítico, no Brasil nem tanto).

Eu não preciso dizer que a imprensa deixa um pouco (às vezes muito, às vezes não) a desejar, mas pela forma do que pelo conteúdo (no Brasil eu acredito que ela diga verdades do jeito errado, mas isso é minha opinião). Mas isso faz parte. Não vale gritar e dizer que é isso ou aquilo, que é justo ou não, etc. Quem lê/vê imprensa de verdade e entende, absorve o conteúdo e não a forma. Quantas vezes você não comentou com um amigo que achava que "ontem" tinha sido exagerado ou esquecido coisa A ou B ?

Sim, você! Porque quem lê blogs de informação, normalmente têm uma preocupação com a qualidade daquilo que lê/vê. Ele quer opiniões diversas, de diversas fontes, de diversas formas, contrárias e iguais as suas. Ele quer ver os diversos lados que ele sozinho é incapaz de visualizar, porque simplesmente, é uma pessoa apenas. Isso enriquece e fortalece culturalmente o indivíduo, no caso, você leitor, permitindo ter uma visão acurada da forma que as coisas são, e assim, lutar para melhorar o seu ambiente de vida pessoal e social.

Pois bem. Agora imagine se tudo que eu disser aqui for mentira. Cruel, não ? Então imagine que não é mentira, mas apenas cópia de outro lugar. Mais cruel ainda! Te fez perder um bom tempo, atrás da mesma informação que as vezes nem é a opinião de quem escreveu, é apenas aquilo que te faz ficar bem no google, o que faz ter bons visitantes e gerar um boa renda.

Ok! Claro que generalizar é um absurdo tão grande quanto ignorar o problema. Mas é preciso entender de frente uma questão: cresce o número de blogs, mas e a qualidade ? São os autores capazes de diferenciar o conteúdo da forma ? São eles capazes de fazer uma pequena pesquisa para determinar a veracidade ou a mentira de um fato antes de publicar ? São eles aptos a perceber que não entendem de centenas de assuntos com a mesma profundidade, e portanto não podem comentar tudo como se fosse os maiores especialistas no assunto ? Bom, resumindo a história, não imagina a minha tristeza que foi ler os blogs depois do recente acidente de avião.

Não vou dizer tudo que vi, mas apenas para me justificar, tinha gente publicando uma falsa foto de uma pessoa cremada supostamente uma das vítima que tinha sido publicada pelo portal UOL e que foi retirada do ar algum tempo depois porque era falsa. É claro, se o UOL cometeu esse erro, porque fulano também não podia cometer ? Seria uma detalhe se não fosse duas coisas, post em questão foi publicado dois dias depois, muito tempo depois do UOL ter retirado a foto do ar e dado destaque a engano. E segundo: Porque publicar isso ? Tá, o UOL fez. E daí ? Todos tem a liberdade de fazer isso - a liberdade de imprensa assegura - mas e a responsabilidade ? E o bom senso ? Alguém pode achar certo divulgar uma foto verdadeira que ilustre esse fato, outros errado. Eu acho errado. Esse é um caso, de um blog, de uma foto, mas teve outros. Não sei se piores, mas casos que me fizeram virar o rosto da mesma forma. Que fique claro que escrever sobre o assunto não é o problema, mas é forma que é feito que é a questão. Isso tudo me fez lembrar do apresentador Ratinho, que em entrevista, certa vez, ele disse que não gostava que os filhos vissem o programa dele. Mas um exemplo de "forma". A forma que ele apresentava era boa para os filhos dos outros, mas para os dele não.

Eu passei um bom tempo pensando o que fazer, e o que estou fazendo é repensar o que leio e como leio. Simples assim. Dos meus quase 600 feeds (entre blogs nacionais, internacionais e agências de notícias de tecnologia), agora eu tenho pouco menos de 200. É uma pena, porque minha vontade era ver 450 opiniões diferentes sobre um determinado tema, o que eu vi foram 400 blogs replicando ou resumindo o conteúdo de portais de notícias. Então eu volto a perguntar: o número de blogs cresce todos os dias, mas e a qualidade ? Como está ?