Imagine dirigindo um caminhão e mandando esse caminhão fazer uma curva para direita. Agora, imagine que ao fazer isso, o caminhão vire para a esquerda. Consegue ver um problema aqui ?
Pois é exatamente assim que eu estava me sentindo ao usar o openSUSE 11.1. Pela terceira vez em 2 meses ele "quebrou algum recurso". Dessa vez o locale foi corrompido, e assim como eu já havia visto em outro computador, ele "acreditou" que eu estava utilizando uma codificação exótica da qual eu nunca tinha ouvido falar...
Quem já usou o openSUSE sabe o quanto somos reféns do yast. Se o Yast diz que eu estou utilizando UTF-8, o que eu poderia fazer ? Editar o arquivo na mão ? Não no openSUSE. No openSUSE não se edita diretamente NENHUM arquivo de configuração. O máximo que eu poderia fazer é editar um arquivo que seria o responsável de editar o outro arquivo (é... arquivo que gerencia arquivo).
Por esses motivo é perdi definitivamente a minha paciência com o openSUSE e instalei o Arch Linux.
Por que o Arch Linux ?
Se eu escrever: vire a direita, ele vira a direita... se isso está certo ou errado é problema meu.
Possui um excelente gerenciador de pacotes.
São raras as perguntas sem respostas. Digo, é a maior taxa de solved/resolvido por unidade de tópicos que eu já vi em um fórum.
E a instabilidade ?
Mais instável do que andava a última versão do openSUSE ? Definitivamente, não. Além disso, como eu disse, para toda pergunta existe uma resposta, assim, quando há um problema, surge uma solução ... De qualquer forma, assim que eu terminar de configurar o sistema eu irei fazer um backup de partição para assegurar uma restauração rápida em caso de necessidade. Afinal, minha máquina principal é uma máquina produtiva e as vezes não pode parar. Embora, eu tenha uma máquina na universidade que sempre pode me servir em caso de necessidade (eu trato essa máquina de forma mais conservadora, limitando programas existentes, freqüência de atualizações, etc, assim, nela o openSUSE ainda está ok).
Ainda assim, existe um ponto a ser levado em consideração. A tal da instabilidade é teórica. Digo isso porque até agora, eu só vi estabilidade e soluções de problemas. Tudo que não funcionava no openSUSE está funcionando agora. Exemplo, o gerenciador de discos removíveis encriptados, que não funcionava no meu openSUSE corretamente.
Mais a melhor impressão que tive do sistema sobre essa questão foi quando eu abri o krename. O krename existente no openSUSE foi compilado com o KDE4 e não funciona. O disponível no Arch Linux foi compilado com o KDE3 e FUNCIONA. Qual dos dois foi menos responsável ?
Por tudo isso e mais alguma coisa, a tal instabilidade é teórica. Espero alguma turbulência em grandes upgrades que possam requerer alguma modificação grosseira no arquivo de configuração. Nada além disso.
Problemas ?
Claro que eu tive problemas !!! Mas como disse acima, todos os problemas tinham solução em algum lugar da internet.
É engraçado como o sistema, por exemplo, me lembrou que eu tenho duas placas de rede na máquina (eu só uso uma, a outra sempre fica desabilitada), mas eu demorei a correlacionar o fato de ter uma instabilidade em conseguir conectar ou não por conta da ordem de leitura dos módulos delas... Mas é a tal coisa, para instalar o Arch Linux deve conhecer sua máquina. A distribuição não perdoa quem esquece esses detalhes...
Alguns problemas, ou melhor, questões, estavam associados ao pouco uso do pacman e ao desconhecimento de nomes de pacotes e seu conteúdo. Um exemplo, como eu saberia a priori que o okular estava no pacote kdegraphics ? Mas todas essas perguntas são respondidas por alguém.
Todos os meus problemas foram solucionados em menos de 1 dia. Recorde histórico nesses mais de 10 anos de uso do GNU/Linux. Seria eu aprendendo alguma coisa ou o sistema não querendo mais informação do que a necessária ?
Uma curiosidade
Para um sistema que requer que eu configure o teclado com um arquivo de configuração escrito manualmente, foi muito curioso encontrar tantas linhas de configuração no /etc/vimrc e /etc/gvimrc. São vários detalhes que me obrigam a alertar sobre a necessidade de olhar esses dois arquivos antes de usar os programas. O problema está para quem já tem um .vimrc e não quer configurações conflitantes entre os arquivos. Por tudo isso, eu sugeriria uma remoção significativa do conteúdo desses dois arquivos...
E porque eu usava o openSUSE mesmo ?
Resposta fácil. Na época que comecei a usá-lo, era a única distribuição que compilava o openFOAM (programa livre para simulação CFD). E o sistema não foi ruim. Na verdade eu gostei muito da versão 10.3, apesar de me sentir um pouco incomodado com o excesso de camadas entre minhas edições de configuração e os arquivos de configuração propriamente dito e com a velocidade do Yast. A verdade é que tudo funcionou e eu não podia desejar menos. E a inércia faz com que continue-se utilizando a mesma distro quando tudo vai bem (especialmente com as melhorias do Yast). Mas os problemas atuais do openSUSE 11.1 foram fatais, sistema estava lento demais, demorava muito para abrir alguns módulos do Yast quando não o próprio GNOME (chegava ao ponto de ser possível fazer um lanche enquanto o sistema dava boot), alguns erros "sem lógica" apareciam do nada, etc. O último problema, que foi o de codificação, foi fatal. Se eu o usasse por mais tempo eu correria o risco de corromper todos os meus arquivos. Seria uma tragédia. Tradicionalmente, eu restauraria a partição de um backup estável, mas resolvi por um fim nisso. Pelo menos em casa. Na universidade eu vou esperar aparecer um "problema-desculpa" para usar o Debian.
g3data
Ainda não aprendi como fazer contribuições, mas o único programa que instalei que não estava nos repositórios oficiais é o g3data. Um simpático programa para interpolar gráficos que estão em formato de imagem (png, pelo menos, nunca tentei com outro). Ele está no AUR, mas desatualizado (ok, pouquinho desatualizado, mas sabe como é, não ?). Então eu criei o meu próprio PKGBUILD. Para ser bem honesto, eu apenas peguei o que estava no AUR e modifiquei os campos necessários.
Eu não vou contribuir oficialmente enquanto não ler toda aquela documentação que parece existir por aí. Afinal, se eu fizer algo errado não vai ser por omissão. E espero não cometer nenhum pecado ao fazer essa modificação e disponibilizá-la aqui...
Comentários finais
Espero ter tempo para aprender alguma coisa sobre o AUR.
É realmente maravilhoso utilizar o /etc/rc.conf para configurar o sistema.
Claro que eu instalei o tema padrão do Ubuntu no meu Arch Linux... (para quem não sabe, é o meu tema predileto). Até isso ficou melhor no Arch Linux do que no openSUSE, que adora reclamar do tema...
Tenho minhas dúvidas se eu vou escrever alguma dica para o Arch Linux nesse blog. Não sei se vou aprender algo que não tenha sido detalhadamente divulgado por outro em algum lugar e eu raramente repito assuntos que possam ser encontrados na internet, exceto quando é algo que considero muito raro ou importante. Acho que gastei todo meu conhecimento inédito nesse tópico... Mas provável é que eu escreva reviews sobre certos assuntos...
Eu agora tenho nautilus-actions. Não funcionava no openSUSE como devia (dava trabalho para instalar e funcionava a meia-boca)
E o nautilus mostra os modos de "visão de ícones/em lista/compacta" ao lado da barra de enderenços (o openSUSE não mostra ela, penso que era uma configuração, mas nunca achei como restaurar ao "normal")
Eu agora tenho gdmsetup. Estava com saudades dos bons e velhos aplicativos...
As fontes estão mais bonitas... e eu não fiz nada para isso...
E o OpenFOAM ? Bem, se por acaso de um dia ensolarado eu necessitar de ter a versão de desenvolvimento novamente na minha máquina pessoal. Com 100% de certeza não será para executar coisa alguma. Agora existe uma versão instalada em um cluster do lab. Logo, me basta saber o usar bem o editor de textos via terminal (entenda, vim ou emacs). Mas ainda que esse cenário mude, o OpenFOAM tem mostrado uma filosofia de empacotar sua própria versão de tudo. Portanto, tudo que eu teria é trabalho em ler os arquivos de configuração e a documentação e assim determinar exatamente quais são os componentes necessários (e suas respectivas versões) para uma compilação com sucesso. Aliás, hoje é mais fácil compilar o OpenFOAM no Ubuntu do que no openSUSE de forma que todos os argumentos que nos levaram a utilizar o openSUSE foram destruídos.
Sinceramente, espero nunca ter que abandonar o Arch Linux.
É muito agradável, leve, simples, etc.
Saturday, June 06, 2009
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Eu usei o Arch Linux um bom tempo mais como eu tive um provável problema na tradução dos aplicativos(eles ficavam meio português meio inglês) eu voltei a usar o Ubuntu mais como essa semana quando eu fui fazer o ritual(mudança de versão) antes eu fui testar o live-cd, é para a minha surpresa (nem tanta que eu sabia da possibilidade) o X não subiu ai voltou a minha cabeça duas idéias antigas a primeira e testar o Kde4 que até hoje não testei e a outra e voltar a usar o Arch, então muito provavelmente semana que vem eu estou de volta rsrs.
ReplyDeleteO KDE4 ainda tem problemas, não está perdendo muita coisa, me impressiono com a quantidade de distribuições que estão utilizando ele como padrão atualmente...
ReplyDeleteDe qualquer forma, aqui no meu computador na versão atual do Arch, o KDE4 obteve a melhor performasse dentre as variações que testei...
[]'s
Usei openSUSE da versao 10 a 10.3.
ReplyDeleteE uma boa distribuiçao para um usuario final, e o seu KDE sempre foi muito bem ajustado; a disponibilidade de pacotes sempre recentes tambem; mas o que me deixava irado era o gerenciamento tartaruga de pacotes e, por ultimo, seu acordo com a MS. Os bugs do KDE 4 tambem foi a causa de minha migraçao para o Gnome.
Depois voltei para as minhas origens e estou usando Debian Lenny.
Eu migrei para o gnome antes do kde4, mas acompanhei de perto os bugs e me impressionei com o fato da "*SUSE" e outras distribuições o indicarem como padrão sem qualquer cuidado ... eu vejo agora que os cuidados não seriam tão complexos assim, bastava não migrar todos os programas para sua versão 4.
ReplyDeleteNão me irritei tanto com o acordo com MS assim... (pelo blog, acha-se o que eu falei na época). Acho até que exagerei, pois o tempo provou que esse acordo não fez NADA (além de gerar discussões e ser uma quebra de filosofia).
Nem trouxe vantagens técnicas ao openSUSE, nem foi responsável por problemas. E quanto ao SUSE, bem, esse eu não sei. Talvez nele exista alguma coisa diferenciada.
Ah! Se aquele gerenciamento tartaruga de pacotes da versão 10.x não tivesse sido eliminado (foi o motivo principal de eu ter adiantado a modificação da distribuição para a versão 11), eu dificilmente teria colocado aquela distribuição em casa...
[ ]'s
Bem vindo ao time :)
ReplyDeleteExcelente escolha...
Meu caro, muito bom isso aqui... muito bom mesmo.
ReplyDeleteEstou impressionado !!!
Nunca imaginei que me adaptaria tão fácil a essa distribuição, nem que ela seria tão simpática para comigo.
Todos os problemas que eu tinha desapareceram. E eram muitos. Eu tinha uns 20 scripts criados para contornar problemas que foram devidamente aposentados...
O único novo problema que eu tenho é que agora eu consigo iniciar o computador, acessar o firefox e o roteador não ligou ainda... :) Incrível !!!
Muito bom isso aqui, muito bom mesmo.
Tive problema parecido. Gosto muito das distribuições baseadas em Debian, principalmente o Ubuntu. Após instalar mais um módulo de memória e outro hd (para funcionar em RAID) descobri o quanto é complicado o fake RAID no Ubuntu, mais que no próprio Debian. A Jaunty Jackalope não reconhece o RAID no instalador em modo texto e não dá boot em live CD. Tive que instalar o Interpid Ibex e fazer o upgrade. Fora várias configurações manuais por causa do RAID.
ReplyDeleteThglara,
ReplyDeleteRAID no Ubuntu de forma decente apenas com a versão "Alternate".
Ainda assim, eu tinha inúmeros problemas com esse tipo de abordagem no passado... tantos que até desisti. O Ubuntu pode até dizer que suporta RAID, mas sua habilidade nesse ponto é muito, mas muito questionável...
Um abraço..
PS.: Não entendi bem,... o que nossos problemas tem de parecido ?